Conjuntivite n’A Gazeta
A embiricica de jornalistas se reunia ao portão , no final da tarde, para fazer a matança dos fatos do dia, caluniar- se mutuamente e outros mungangos típicos da mundiça. Jornal , rádio e TV Gazeta funcionavam no mesmo prédio, o que potencializava os perigos da fofoca e da pouca vergonha, porque triste de quem cair em desgraça ante essa raça, vôte!
A mangofa já ia do meio pra a ponta quando o eloqüente repórter e intelectual militante Naylor George atravessou que nem barata no galinheiro.
Por nada, não, mas empresário de visão sempre abre butiquim ao lado de jornal. Se escapar dos catrepes, faz fortuna certa. Naquela sexta- feira Naylor George mal fechou sua renomada página de Cultura e já estava como o trânsito da capital em fim de tarde, desengarrafando aos poucos.
Amancornado à reca estava o poderoso dono e diretor Roberto Vaz, acendendo um Roliúde na bagana do outro, e se divertindo por dar corda aos firinos comentários dos funcionários, rindo de orelha a orelha.
Naylor, provocado por um gaiato, começou a dissertar sobre as dificuldades enfrentados pelos ativistas culturais e desfiava o rosário de amarguras.
– Pô, rapaz, todo mundo sabe da importância da nossa coluna para o combate à proliferação da anticultura no Acre. Todo mundo sabe quem é Naylor George....
E o pessoal mangava, como se desdenhasse.
- Deixem o cara! Ria, mas contemporizava Roberto Vaz.
- Esses invejosos são uns apedeutas,que não lêem jornal, não se interessam por cultura. Abstraídos da influência do nosso trabalho jornalístico na construção do arcabouço social utópico que Naylor George almeja, capitulam ante ao fazer, e divagam sobre avaliações críticas que seus cérebros não têm estatura para alcançar. Ignóbeis paspalhos, Roberto!
E o pessoal dando corda.
Até que, num derradeiro esforço para ir embora, Naylor pespegou:
- Vaz, rapaz, me dá um vale aí, cara!
E o cínico radialista Robson Vilela atalhou:
Dá não, Roberto, ele tá emaconhado!
E Naylor George, abruptamente, arregalou os olhos encarnados e sapecou:
-Emaconhado não, respeite. Isso é conjuntivite!
Roberto Vaz ainda teve que entrar ao menos com algum pro colírio.
MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS
Embiricica – Um bocado
MATANÇA – Gozação; risadagem
MUNGANGOS – Trejeitos; mizancene
MUNDIÇA – Pessoal
MANGOFA – Desdém hilariante; reunião para mangar
CATREPE – Golpe; defraudação; subtração
AMANCORNADO – Junto; encangado
RECA – Turma
BAGANA – “O Vinte” do cigarro; guimba
FIRINOS – Ferinos
MANGAVA – Debochava
NO MEIO DA CANELA
XICO DE BRITO – Enviado especial ao Aeroporto Velho
Chuvas de 5.7 graus na Escala Richter estão atubibando autoridades do movimento comunitário e vereadores da Base Aliada no canteiro de obras de Rio Branco.
Em apenas 3 dias, o pau torou direto. Um sapo- cururu que não quis se identificar temendo represálias, disse à nossa reportagem que vários bairros estão recebendo até água do Saerb e que a situação pode levar a OAB a dispensar licitação para combater a iminência de uma caca ainda maior na cidade.
O vereador oposicionista Raimundo Vaz, revoltado porque ainda não foi contemplado pela Prefeitura com nenhuma vaga de catraieiro na Base Alinhada, disse que o secretário de Saúde do Restaurante do Aeroporto só não lava o pé porque não quer. “Ele tem que descer do salto!”, recomendou.
O secretário, que analisa o efeito- estufa da conta bancária de funcionários e empresários dengosos, disse que não desce do salto nem sob tortura.
A situação só não está pecuária porque ainda não descobriram que, assim como o remédio contra a Dengue, a vacina contra a Aftosa também não combate a Aftosa.
Preocupados com a escalada da violência, o surto de Dengue, a conta de luz, e a devolução do ICMS cobrado a mais, as autoridades foram pra Sena Madureira ver quem ganha a eleição a prefeito. De lá vão a Feijó. Todas, no entanto, estão certas de que é preciso um grande acordo republicano em favor do povo do Acre. Se nada ficar resolvido até este sábado ao Meio- dia, Situação e Oposição vão tomar uns gorós, que ninguém é de ferro.
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