sábado, 28 de março de 2009

CAMINHO DAS ÍNDIAS - A NOVELA

Nos corredores do SPT- Sistema Público de Televisão só se fala que ninguém esperava o fiasco da nova novela florestal logo no segundo capítulo, quando o irmão de uma índia disse que ela já não era nenhuma apurinã quando conheceu o Pianko. Nos próximos capítulos, os autores da novela esperam provar que as índias não estupraram o Perí, que o agente do MPF não é voyer ,e ainda tentarão salvar a advogada de ser queimada na fogueira sem tempo de provar que nem de Carnaval a pobre gosta. Debaixo dos edredons do SINJAC – Sindicato dos Indios Noveleiros Jecas das Aldeias Comissionadas não se dá um piu sobre o assunto.

HORA DO QUINARÍ



VIGÍLIA PELA LUZ

Aproveitando a deixa das entidades que se engajaram no movimento contra o aquecimento global, este blog, pois, conclama os seus 16 leitores do Quinarí e adjascências a ligarem hoje pelo menos um bocal cada um durante uma hora em protesto contra o aquecimento das geladeiras e enferrujamento dos aparelhos de ar condicionado.

Se na hora do protesto das Ongs governamentais e não- governamentais – lá pras 8 e meia da noite- alguma lâmpada estiver acesa no Quinarí, teremos o maior prazer em desligar todos os 16 bocais contra o aquecimento global e em homenagem à Eletroacre.

sábado, 21 de março de 2009

FURO!


A publicação mais festejada do Blog lança segunda edição.

EXCLUSIVO!

Está no ar pelo SPT -Sistema Público de Televisão o mais novo sucesso da dramaturgia da floresta.
De Glória Querez, Caminho das índias promete encandear o ibope de Canibais, minissérie que contou a estória da kulinária do Envira.
No elenco, estréia Edith Pianko, com participações especiais de Terryvel Aquino, Antônio Maiscêdo e grande elenco do MPF.

sexta-feira, 20 de março de 2009

BIG BROTHER DO BINHO


Pedro Miau

Nossos heróis confinados na Casa mais epidemiológica do Brasil continuam polemizando pra chuchu. Josemir Anute voltou a enfrentar o Paredão, mas Gilberto Diniz ganhou a Pufia do Líder da semana, e agora vai pra debaixo dos edredons com uma embiricica DAS´s.
Quando o povo fala...

ENQUETE


QUEM DESCOBRIU O CAMINHO DAS ÍNDIAS?

A) Foi a Glória Perez
b) Eu estale se num foi o Pianko!
c) Foi o Cristóvão Colombo
d) Foi a Globo

Respostas para o e- mail antonioklemer@gmail.com

terça-feira, 17 de março de 2009

A MULHER DO SEU GIVALDO E A FERRADA DE ARRAIA

A Travessa da Saudade estava abismada com o siribôlo na casa da Dona França, a Viúva, que acoitava aquela ruma de cearenses. O berreiro, porém, vinha da casa de trás, alugada àquela penca de vendedores de colchas de chanil e de redes.

Eram marromeno 5 e Meia da tarde quando terminara a pelada e o pau -de- arara saira rumo à Praia da Base, onde, de costume, todos iam se assear e, depois, voltavam pra casa, pra assistirem à Bola é Nossa. Mas, naquele dia, logo à boquinha da noite, Nascimento teve caé.

Mal deu três passos dentro dágua, o esporão da arraia encastuou-se ao seu mocotó, fazendo um banzeiro de sangue medonho e obrigando a todos a voltarem abirobados pra casa.

Ninguém ali sabia nada de arraia além de que a dor do ferrão dura 24 horas, sem remédio alopático, pelo menos àquele tempo, conhecido. E que aquela seria uma noite marcada para sempre na vida de Nascimento, o ferrado, e para toda a rua, que ouvia compadecida aos gritos de “Ai Mamãe!” de tamanho homem, um negão que era um lerdo, virado um bruguelo que levou um golpe de caco de vidro.

Lá pelas tantas, Nascimento, todo breado de lágrimas, plantava bananeira na casa da Dona França, que, toda solidária, não negava assistência ao moribundo. Foi quando partiu, sabe- se lá de quem, a idéia de que pra ferrada de arraia só havia um remédio, e esse remédio estava na natureza. Na natureza da mulher, melhor dizendo.

Segundo a prescrição, alguma voluntária teria que......teria que...bem, teria que passar a coisa, o troço, aquilo lá...teria que passar o bicho, polindo o pé ferrado.

Buscou-se na Travessa da Saudade a fada, aquela que faria a caridade, mas, com a recusa das primeiras aceradas, a dor de Nascimento só aumentava, mista da peçonha da arraia da Praia da Base e da rejeição ao seu apelo dramático: - Alguém, pelamor de Deuso, avie e arrume uma mulher que passe o bicho em cima dessa pereba danada! clamava.

Foi quando sugeriram: - Arre, vamos pedir à Mulher do Seu Givaldo!

Seu Givaldo tinha ido de Setentinha a Sena Madureira e nem naquela pelada estivera, mas tanto fazia: o importante era que a mulher dele estava ali e a dor do Nascimento só aumentava com o avançar da noite, e ninguém sequer tinha se lembrado de assistir A Bola é Nossa.

A reca de pedintes foi ter com a jovem senhora.

Foram tantos os pedidos, tão singelos, tão sofridos que ela dominou seu asco: - Tá! assentiu, convencida de que a causa era nobre e( Pelamor de Deus!), que é que custava passar aquilo lá...lá?

Puxaram um tamborête, treparam o pé ferrado de arraia do Nascimento e a ordem na casa foi de que todos deveriam arredar, pois naquela hora a Mulher do Seu Givaldo executaria o ritual de cura.

Ninguém diz que foi testemunha da “Dança da garrafa”, mas a jovem senhora era a alegria da meninada da Travessa da Saudade. Seus cabelos negros longos de dançarina flamenca encobriam as costas brancas quase sempre desnudas, que eram a antítese do seu plexo, ornado por dois volumes recheados, mode dois obeliscos furando a pracinha em frente ao Palácio do Governo. Arre!

Nascimento gritava, estribuchava e gemia como se houvera comido maionese azêda.

De repente, porém, fez- se um silêncio sepulcral.

A partir de então, a Travessa da Saudade fechou-se em copas.

Ninguém falava sobre o ritual de cura da ferrada de arraia do pé do Nascimento protagonizado pela caridosa Mulher do Seu Givaldo. A omissão dolosa porém solidária impestava o ar da vizinhança de cumplicidade e...medo. Afinal, Seu Givaldo iria voltar de Sena e, mais cedo ou mais tarde, alguém daria com a língua nos dentes.

Vrrummmmm! Vruuummmmm!

A Setentinha riscou os tijolos da Travessa da Saudade numa tarde calourenta uns dois dias depois, Nascimento curadíssimo.

Quando o viajante entrou em casa, a pura jovem senhora, num suspiro de ingenuidade e inocência, contou- lhe o feito caridoso.

Seu Givaldo, do alto dos seus quase 1 metro e 60 centímetos de altura, começou a açoitar a esposa ainda dentro da pequena casa, onde rasgou-lhe as vestes, e ela, amedrontada, ganhou o terreiro sem corpête.

A mulher ganhou a rua, azunhada e puxada pelos cabelos longos negros, chorando mais do que o Nascimento no dia da ferrada, mas uma geração inteira naquele noite deleitou-se com o infortúnio dela, que exibia atubibada tudo o que só Seu Givaldo havia visto de perto, se é que o Nascimento também não olhou naquela memorável noite da ferrada de arraia.

Não fosse pela mão de peia da pobrezinha, até hoje os meninos da Travessa da Saudade se banhariam na Praia da Base, onde a ferrada de arraia passou a ser naquele tempo uma aspiração praticamente coletiva.

Mas por causa daquele episódio foi que se veio saber que o que a Mulher do Seu Givaldo passou na ferrada de arraia do Nascimento é também santo remédio para qualquer outra enfermidade, Amém!

MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS

ABISMADA – Admirada

SIRIBÔLO – Evento festivo

ACOITAVA – Hospedava; dava guarida

BERREIRO – Gritaria; choro alto

CHANIL – Tecido chenille

MARROMENO – Mais ou menos

PAU-DE-ARARA – Caminhão lotado de nordestinos

A BOLA É NOSSA – Programa de esportes da antiga TV Acre, apresentado pelo saudoso repórter Campos Pereira

BOQUINHA DA NOITE – À noitinha

CAÉ – Azar

ENCASTUOU-SE – Encaixou- se; ligou-se

MOCOTÓ – Tornozelo

BANZEIRO – Movimento de águas; ocorrência

ABIROBADOS – Atordoados

LERDO – Grandão; lento

BRUGUELO – Bebezinho

GOLPE – Corte; furo

BREADO – Embebido; melado; encharcado

PLANTANDO BANANEIRA – de ponta cabeça

ACERADAS –Assediadas

AVIE –Se apresse!

SETENTINHA – Moto de 70 cilindradas

RECA – Turma

TAMBORÊTE – Banquinho de madeira

ARREDAR – Afastar

MODE – À moda; tal e qual

IMPESTAVA – Infestava

CORPÊTE – Suitã

AZUNHADA – Arranhada por unhas

ATUBIBADA- Desnorteadas, nervosa

BIG BROTHER DO BINHO

PEDRO MIAU

Nossos heróis continuam até o pescoço na Casa mais animada do Acre.

Esta semana a paz voltou a reinar entre a equipe tucana, ao que tudo indica já por causa da nova política de segurança pública da Big Sister Márcia do Julhinho.

Edy Zé Gipty pegou Dengue na Casa mais epidemiológica do Brasil e a Equipe da Fundhacre está no próximo Paredão acusada pela imprensa extraoficial marron e desobediente de sovinar medicamento ao Big Brother Bão, pai do Binho.

Bão Marques só queria uma “Azulzinha”, mas o sistema público de saúde não é como o de Comunicação, e brochou.

Vamos continuar espiando, grampeando, obrando e andando.

domingo, 8 de março de 2009

A MÃO DO ZÉ JACA

Rodrigues Alves é berço do Juruá, onde a história registra que se escornaram os primeiros habitantes daquele Vale, os Kaxinawás. Mas é até o talo de brancos.
Na verdade, ali tem até galêgos, uns cabras com cara de piçarra dos pés à cabeça e ozói azuis. Tradicionalmente oposicionista aos governos do Acre, a mundiça dalí tinha uma asa quebrada pros lados do MDB, e foi isso que naquela noite levou Zé Jaca ao comício.
- Beus abigos de Rodrigues Alves....patatí, patatá! Abarcava o candidato a senador Flaviano Melo, de cima do caminhão, amancornado com as lideranças políticas da região.
O PMDB daquela época possuía um grupo de elite à moda do Abiládio, gente que tinha como incumbência fazer a zuada e espocar os fogos na hora em que Flaviano fosse anunciado pelo locutor do comício. Mas Zé Jaca, empolgado, decidiu que faria parte daquele time, ora! E lá se foi. Quando Flaviano Melo foi anunciado orador, o siribôlo de fogos começou, mas o salseiro foi interrompido pelos gritos de Ai! Ai!
Quando os organizadores deram fé, havia um foguete espocado ainda seguro por uma mão sem dono e Zé Jaca, todo ensangüentado, aos gritos, cotó.
Leva o homem pro hospital, aduba daqui, aduba dalí, botaram um Pranticuri, e pronto: Zé Paca tinha perdido a mão, mas tava vivo.
Vivo pra começar a agrura de reencontrar o jeito de dar corda no lustroso Seiko 5 que ostentava no outro braço. Pede daqui, ajeita dalí, assesssores de Flaviano prometeram fazer de tudo pra Zé Jaca obter uma prótese etc. Que nada!
Em todas as eleições seguintes Zé Jaca era o único que não aplaudia, mas marcava de perto os candidatos, pra ver se alguém lhe dava uma mãozinha (Tsk!), mas...nada.
Batendo perna por aquelas paragens, lá se vem Idalina Onofre, fazendo campanha à deputança estadual, que, dá fé, lá vê o homem, simpático e educado...
- Seu Zé Jaca, me procure, que eu vou lhe dar uma mão! Prometeu. E cumpriu.
Tempos depois, porém, Idalina está assistindo à Tevê do Padres de Cruzeiro do Sul e a reportagem mostra um homem que havia sido escolhido o mais elegante numa festa católica em Rodigue Alves. - Minino, é o Seu Zé Jaca!!! Mas cadê a mão dele?? bradou Idalina. E um cabra, ao lado dela: - Deputada, ele agora sai sem ela pra não ter que apertar mão de político!

MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS

ATÉ O TALO – Cheio
GALÊGOS – Pessoas brancas de cabelo avermelhado
CARA DE PIÇARRA – Rosto avermelhado
PIÇARRA – Tipo de pedra usada em pavimentação no Acre
ASA QUEBRADA-Propensão; preferência
AMANCORNADO – Junto, misturado.
ABILÁDIO – Osama Bin Laden
ZUADA – Barulho intenso
ESPOCAR – Estourar
SIRIBÔLO – Festejo
SALSEIRO – Festividade animada
COTÓ – Faltando um pedaço
PRANTICÚRI – Curativo
BATENDO PERNA- Em andança

sábado, 7 de março de 2009

FRASE DA SEMANA

“Passarinho que come jacuba sabe o IDH que tem!”- Emanoel Machado

terça-feira, 3 de março de 2009

ACRE ME TENS DE REGRESSO!

CRÔNICA DA RECHEGADA

- Ding, dong! Gritou o aeroporto no meu peduvido.

-Deus, eu nem acredito nisso. O que eu vou fazer lá? Indaguei ao Espírito, capiongo como quem não gosta de sair de casa, viajar sozinho pela lapa do mundo.

Empombei e, em menos de fósforo, estava na fila do embarque, atrás duma réa que arrastava dois meninos buchudos, amarelos empambados e com os olhos de jabuti comendo cajá.

-Devem ser de Porto Velho! Pensei alto, com o olhar no pinga pinga de quem sai do Galeão de madrugada rumo a Rio Branco.

Do vera, de lá pra cá até o tratamento dos comissários vem mudando.

O povo que embarca vem mudando.

- Lá, eu conheço até os cabras que empurram o avião! Continuo matutando, agora sobre o fim do caminho. “Faltam só mais umas seis horas...já, já eu chego em casa!”, me escancho na esperança.

Quem sabe aonde vai não tropeça no caminho!

- Bam! Bam! Bam!

A zuada, lá longe abafa o ronco, que tira fino do ar- condicionado comprado fiado ao Dilô, amigão de sempre e que, sem consentimento da Fatinha, acha que eu dou pra deputado.

O paidéguão de 30 mil BTU’s também não abafa os gritos da atubibada dupla da Roda Viva, eficiente que nem diácono em Santa Ceia, mais obediente do que ajudante de missa.

- Bom dia! Respondo, barra- limpa: feliz com o final da novela; certo do adeus ao Rio.

Também, pudera: vim pra não ficar mas fui ficando...fiquei!

Toda vez que o aeroporto grita – Ding..dong! no meu peduvido eu lembro da ida.

Eu achava que ia ficar, mas fui voltando...voltei!

- Seu Antônio, sua mudança chegou! Onde nós descarregamos? Me avisam, eu custo a crer.

– Puxa, vou dormir de novo na minha cama, e é bem capaz que a minha camisa do Botafogo ainda esteja limpa! Penso alto, vendo a velha casa e sua portabilidade.

Só acreano e jabuti carregam a casa nas costas.

A bandeirinha da Minha Pátria está dentro de uma caixa dessas, entre as páginas da minha Bíblia Shedd, engilhada e cheia de poeira, desses quase seis meses em que ouvi o – Ding..dong! do Galeão e deixei os cultos da minha amada igreja de Copacabana.

No fundo, o Espírito já tinha me avisado.

Com olhos de jabutí comendo cajá, agora eu sei: voltei!

- Vô!

É o Natan, reivindicando o mingau!

Meu netinho vai ser acreano.

O aeroporto me chama, de novo:

-Atenção, senhores passageiros com destino a Cruzeiro do Sul...

É bem ali; segunda- feira eu tô no Quinarí. Agora eu to em casa.



MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS

PEDUVIDO – Pé do ouvido; orelha

CAPIONGO – Tristonho

LAPA DO MUNDO – Por aí; mundo afora

EMPOMBEI – Determinei- me

EM MENOS DE FÓSFORO – Rapidamente

EMPAMBADOS – Com cara de doentes

OLHOS DE JABUTÍ COMENDO CAJÁ – Olhos cheios dágua

ESCANCHO – Aboleto; sento descansado

PAIDEGUÃO – Enorme

ATUBIBADA – Agoniada

BARRA- LIMPA – Dividido em dois; picolé de dois sabores que se vendia antigamente em Rio Branco