Esse negócio de trocar a hora das galinhas dormirem não foi invenção do Tião Viana, vem desde que o Edmundo Pinto arrastou o “Chico Malta” de Tarauacá, eleitos os dois deputados estaduais pelo PDS, em 1986, quando o Flaviano Melo ganhou pro Governo.
Chico,era, na verdade, o bigodudo Francisco Lopes Pessoa, o Chico Sombra, caba homi.
Na tarde em que entrou na redação da velha Gazeta do Acre e o apresentou à reportagem, Edmundo Pinto abarcou - lhe o apilidio, por causa da taluda pulseira de ouro que o recém - deputado ostentava, mode o personagem da novela da época, Roque Santeiro.
Logo que começaram as sessões da Assembléia, Chico Malta consultou repórteres e assessores, tentando mudar o fuso horário do Acre, no que foi dissuadido. Mas acabou caindo na besteira de apresentar o “Projeto Rabo – preso”, que visava a restringir a muagem no âmbito do serviço público estadual, sem, no entanto, lograr agasalho. irré-ré!
Virado um machão, o novo parlamentar só acumulava amigos e notícias fartas nos jornais, dado o assédio dos jornalistas e até de gente do governo.
Chegou o dia em que a simpatia evoluiu para convivência.
Convidado a sair no bloco de sujo do Urubu Cheiroso, Chico não disse que sim nem que não, amoitou-se.
Terça- feira, porém, a casa do Eró Chaves no Conjunto Bela Vista estava pequena para a concentração de cabatoa, uma embiricica de homens e suas respectivas esposas, se preparando para descer a Getúlio Vargas.
A macharada vestida de mulher e com a cara quase cheia, insistia com Chico Sombra, que ele deveria, sim, arranjar por ali um vestido velho , uma anágua, um corpête, uma combinação, um sutiã que fosse, e que deveria juntar- se ao grupo, e partir na direção do Calçadão.
Chico não dizia sim nem não.
Dada a largada, cada qual com seu cada qual, partiu a ruma de carnavalescos, sujos e engraçados na direção do Centro.
Quando o balseiro encalhou na esquina da Prefeitura, o espetáculo estava montado, uma marmota sem tamanho.
No meio da mundiça do Urubu Cheiroso, porém, avistava - se um corpo se bulindo, estranhamente.
Era um macacão cor-de- rosa, com um chapéu assim- num- sei- como e uma máscara, assim meio Zorro, meio Robin, mais pra Mulher - Gato.
Por debaixo da máscara, vistoso, um bigode abundante, contrastando com o tom do afrescalhado macacão.
Ora, na saída do Bela Vista ninguém avistara entre os passistas do Urubu ninguém com aqueles trajes!
- Vamos ver quem é! bradou Mauro Bittar, que estava na Comissão de Frente.
- Rumbora! gritou Deoclécio Mendes, acompanhado de mais uns dois.
Pôxa, ali só havia amigos e suas esposas, aquela figura estranha, com uma espécie de espanador debaixo da máscara do Zorro, então, quem seria?
- Deputado Chico Sombra???? Nos abismamos ao ver de perto.
-Xiii....como foi que vocês me reconheceram?
O fuso horário do Acre só veio a mudar anos depois, através do Tião Viana.
O Projeto Rabo - preso encalhou nas comissões temáticas da Augusta Assembléia Legislativa do Estado do Acre.
MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS
CABA HOMI – Cabra homem
APILÍDIO - Apelido
TALUDA – De talo grosso; avantajada
MODE – À moda
MUAGEM – Frescura
AMOITOU- SE – Esquivou-se, escondeu- se, absteve- se
CABATOA – Cabra à toa
EMBIRICICA – Enfieira; magote
RUMA – Embiricica; monte
CALÇADÃO – Trecho da Rua Ruy Barbosa que virou praça de Carnaval e manifestações populares, nome herdado de bar que funcionava no Hotel Chuí, doado pelo governador Nabor Júnior para ser sede da Prefeitura da cidade, quando Flaviano Melo era o prefeito
BALSEIRO – Pedaços de pau que descem rio ou igarapé; magote de gente
MUNDIÇA – Bando de gente
BULINDO – Mexendo
ASSIM- NUM- SEI- COMO – Assim, num sei como
ABISMAMOS - Surpreendemos
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