domingo, 22 de fevereiro de 2009

CHICO SOMBRA: CABA HOMI NO CARNAVAL

Esse negócio de trocar a hora das galinhas dormirem não foi invenção do Tião Viana, vem desde que o Edmundo Pinto arrastou o “Chico Malta” de Tarauacá, eleitos os dois deputados estaduais pelo PDS, em 1986, quando o Flaviano Melo ganhou pro Governo.

Chico,era, na verdade, o bigodudo Francisco Lopes Pessoa, o Chico Sombra, caba homi.

Na tarde em que entrou na redação da velha Gazeta do Acre e o apresentou à reportagem, Edmundo Pinto abarcou - lhe o apilidio, por causa da taluda pulseira de ouro que o recém - deputado ostentava, mode o personagem da novela da época, Roque Santeiro.

Logo que começaram as sessões da Assembléia, Chico Malta consultou repórteres e assessores, tentando mudar o fuso horário do Acre, no que foi dissuadido. Mas acabou caindo na besteira de apresentar o “Projeto Rabo – preso”, que visava a restringir a muagem no âmbito do serviço público estadual, sem, no entanto, lograr agasalho. irré-ré!

Virado um machão, o novo parlamentar só acumulava amigos e notícias fartas nos jornais, dado o assédio dos jornalistas e até de gente do governo.

Chegou o dia em que a simpatia evoluiu para convivência.

Convidado a sair no bloco de sujo do Urubu Cheiroso, Chico não disse que sim nem que não, amoitou-se.

Terça- feira, porém, a casa do Eró Chaves no Conjunto Bela Vista estava pequena para a concentração de cabatoa, uma embiricica de homens e suas respectivas esposas, se preparando para descer a Getúlio Vargas.

A macharada vestida de mulher e com a cara quase cheia, insistia com Chico Sombra, que ele deveria, sim, arranjar por ali um vestido velho , uma anágua, um corpête, uma combinação, um sutiã que fosse, e que deveria juntar- se ao grupo, e partir na direção do Calçadão.

Chico não dizia sim nem não.

Dada a largada, cada qual com seu cada qual, partiu a ruma de carnavalescos, sujos e engraçados na direção do Centro.

Quando o balseiro encalhou na esquina da Prefeitura, o espetáculo estava montado, uma marmota sem tamanho.

No meio da mundiça do Urubu Cheiroso, porém, avistava - se um corpo se bulindo, estranhamente.

Era um macacão cor-de- rosa, com um chapéu assim- num- sei- como e uma máscara, assim meio Zorro, meio Robin, mais pra Mulher - Gato.

Por debaixo da máscara, vistoso, um bigode abundante, contrastando com o tom do afrescalhado macacão.

Ora, na saída do Bela Vista ninguém avistara entre os passistas do Urubu ninguém com aqueles trajes!

- Vamos ver quem é! bradou Mauro Bittar, que estava na Comissão de Frente.

- Rumbora! gritou Deoclécio Mendes, acompanhado de mais uns dois.

Pôxa, ali só havia amigos e suas esposas, aquela figura estranha, com uma espécie de espanador debaixo da máscara do Zorro, então, quem seria?

- Deputado Chico Sombra???? Nos abismamos ao ver de perto.

-Xiii....como foi que vocês me reconheceram?

O fuso horário do Acre só veio a mudar anos depois, através do Tião Viana.

O Projeto Rabo - preso encalhou nas comissões temáticas da Augusta Assembléia Legislativa do Estado do Acre.

MINIDICIONÁRIO DE ACREANÊS

CABA HOMI – Cabra homem

APILÍDIO - Apelido

TALUDA – De talo grosso; avantajada

MODE – À moda

MUAGEM – Frescura

AMOITOU- SE – Esquivou-se, escondeu- se, absteve- se

CABATOA – Cabra à toa

EMBIRICICA – Enfieira; magote

RUMA – Embiricica; monte

CALÇADÃO – Trecho da Rua Ruy Barbosa que virou praça de Carnaval e manifestações populares, nome herdado de bar que funcionava no Hotel Chuí, doado pelo governador Nabor Júnior para ser sede da Prefeitura da cidade, quando Flaviano Melo era o prefeito

BALSEIRO – Pedaços de pau que descem rio ou igarapé; magote de gente

MUNDIÇA – Bando de gente

BULINDO – Mexendo

ASSIM- NUM- SEI- COMO – Assim, num sei como

ABISMAMOS - Surpreendemos

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