sexta-feira, 12 de junho de 2009

“CHEQUE MATE”

Com a prisão do Major Werles Rocha o governador Binho Marques espera recuperar a autoridade sobre o movimento sindical dos empregados do Estado, que convalesce desde o inicio dos governos petistas, em 1999.

Desde então as principais lideranças populares, entre sindicalistas e líderes comunitários e políticos têm sido defenestradas foram cooptadas pelo governo através de nomeações a cargos de confiança, ou ainda imobilizados- como  ex- deputados Ronald Polanco e Naluh Gouveia- como agentes sociais em empregos vitalícios no Tribunal de Contas do Estado. Polanco discordava da política petista para o setor produtivo, Naluh, fez carreira no sindicalismo dos Trabalhadores em Educação e era contada com um deles, através de quem e com cujo apoio ingressou na Câmara Municipal, depois na Assembléia.

Com passivo de salários e de políticas salariais condizentes com a nova realidade do serviço público estadual, o governo mantém a mesma linha de atuação há mais de 10 anos, desconsiderando a inserção e responsabilidade da Esquerda regional na organização dos trabalhadores. Em Xapurí, por exemplo, perdeu novamente a eleição do sindicato que tem a cara de Chico Mendes e do própro PT,

Dezenas de categorias do funcionalismo estão em estado de greve, revoltados com a condução dos seus antigos aliados. Da Saúde à Educação, das associações de bairros aos defensores públicos, o servidor estadual está revoltado contra as ações governamentais na política salarial.

Acuado, o governo pegou os milicos para crucificar.

Se conseguir protelar os reajustes de todas as categorias mais alguns meses, terá a justificativa da Lei pela proximidade do ano eleitoral de 2010 para não atender nenhuma reivindicação e a Esquerda vai para as eleições com a autoridade governamental intacta pela força e o poder do aparato legal do Estado e vai precisar usar toda a força que conseguir acumular para enfrentar o voto de protesto nas urnas.

É o “Cheque mate”do militante Binho Marques, para alguns um “técnico”, porém o mais político dos quadros de renome do PT e da Frente Popular. Na verdade, quando a maioria dos ditos políticos da atualidade buscava formação técnica nas escolas, Binho Marques era assistente do PRC- Partido Revolucionário Comunista no Acre e militava na organização dos estudantes nos colégios públicos e privados e, depois, no sindicalismo rural, em Xapurí e Brasiléia e no embrião das associações de  moradores, no Bairro João Eduardo.

“Cheque mate” tem “cheque” do salário pleiteado pelos trabalhadores, enquanto o termo “mate” vem da disposição da autoridade estadual em finar seus contestadores.

2010 promete ser um ano de eleições atípicas para a Esquerda: os servidores estaduais passam hoje de 40 mil, sem contar com suas respectivas famílias. Se der tudo errado, O PT vai ter que suar sangue para ganhar novamente o governo. No ano passado, quase perdeu a Prefeitura de Rio Branco, onde o PT elegeu apenas 2 vereadores. Governa o município amparado por um balaio de vereadores pirangueiros, sem tradição partidária orgânica. No Estado, também depende de acomodações e vive permanente clima de insatisfação em sua base.

Nesse diapazão, o observador político pode deduzir que Binho Marques chamou Jorge Viana e seu carisma , sua experiência de volta à cena política. Nos últimos dias dois prefeitos aliados quase perderíam seus mandatos, acusados de comprar votos. Notadamente, Jorge atuou nos bastidores, tendo ganho de causa. Além disso, a mídia também fez carnaval com pesquisas de popularidade do governo, recursos de quem precisa de auto- afirmação.

Binho, que não atende nem deputados e só atende jornalistas depois de humilhados por sua Assessoria de Imprensa ou quando lhe convém, só não foi ainda ao programa do Chico Vaqueiro, porque passa de madugada. Mas seria bom que fosse, pois Chico tem grande audiência junto ao homem do campo, outra seara eleitoral em que os adversários do Governo andam sentindo a falta do Estado.

Quanto ao líder dos policiais militares e bombeiros, se não bater fôfo, sua prisão pode resultar num grande erro do governo: nunca a PM teve um líder tão carismático e agregador. De trás das grades, pode virar um Tiradentes anti- petista, cargo atualmente vago no Estado mode o caldo de piaba em que se tornou a Oposição.

PS – Enquanto eu terminava este artigo, o Major Werles Rocha estava juntando as trouxas em casa: laptop, bolacha da Miragina e roupas da Bolívia para “puxar um frio”no xilindró, enquanto pensa no que será sua curta carreira na PM antes de dar baixa “a pedido”.

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