quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cala a boca, Lula!

Ricardo Noblat chamou de macaco e pisou no rabo

De perto, Lula derrapa vez por outra em alguma sandice que diz. Imagine de longe.

Em Genebra, no início da semana, ele avalizou os resultados da eleição no Irã. Seu serviço secreto de informações deve ser muito bom. Somente ele como Chefe de Estado se sentiu seguro para dizer que a eleição por lá foi limpa. E que essa história de fraude não passa de choro da oposição.

Em Paris, depois de uma conversa com o presidente Sarkozy, anunciou que o governo francês indenizaria as famílias vítimas da tragédia da queda sobre o Atlântico do Airbus da Air France. Foi desmentido.

Esta manhã, em Astana, no Cazaquistão, apesar de admitir que nada lera sobre o discurso feito, ontem, por José Sarney (PMDB-AP), Lula elogiou o presidente do Senado. E cometeu os disparates de sempre.

Afirmou que Sarney tem "história suficiente" para não ser tratado como "uma pessoa comum".

(O que isso quer dizer? Que se pode ser mais exigente com uma "pessoa comum" do que com um político no batente há mais de 50 anos, ex-presidente da República e atual senador?

Mas logo com alguém que vacila, tergiversa e escamoteia na hora de enfrentar a mais série crise da história da instituição que preside pela terceira vez nos últimos 14 anos?)

"Eu sempre fico preocupado quando começa no Brasil esse processo de denúncias porque ele não tem fim e depois não acontece nada", disse Lula.

(Se não tem fim e se não dá em nada, a culpa não é necessariamente de quem o inaugurou. Nada do que se publicou até agora sobre as mazelas do Senado ruiu sob o peso do primeiro desmentido. Pelo contrário. Não houve desmentidos.

Timidamente começou a ser aberta a caixa preta do Senado. E o que ela escondia é de estarrecer - nepotismo, auxílio-moradia para quem tem imóvel em Brasília, pagamento indevido de horas extras, diretorias fantasmas, decretos secretos. É pouco?)

“O que não se pode é todo dia você arrumar uma vírgula a mais, você vai desmoralizando todo mundo, cansando todo mundo, inclusive a imprensa corre o risco. Porque a imprensa também tem que ter a certeza de que ela não pode ser desacreditada porque, na hora em que a pessoa começar a pensar 'olha, eu não acredito no Senado, não acredito na Câmara, não acredito no Poder Executivo, no STF, também não acredito na imprensa', o que vai surgir depois?”, perguntou Lula.

(A imprensa agradece a preocupação de Lula com ela, mas rejeita a sugestão de se calar. Ou de falar menos. Ou ainda de fechar os olhos para tantas coisas.

Há o que se corrigir por toda parte - e também na própria imprensa, é claro.

De resto, Sarney não se gabou, ontem, de ter sido ele que mandou investigar o que existe de podre no Senado? A imprensa, pois, está a reboque de sua iniciativa.

A verdade é: sempre que alguém, ou um grupo de pessoas, ou uma instituição de preferência, se vê alvo da imprensa, tenta desacreditá-la. Faz parte do jogo. Foi assim por ocasião de todos os escândalos que abalaram o atual governo e os governos passados.)

“Essa história [a crise do Senado] tem que ser mais bem explicada. Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo no Brasil. Mas penso o seguinte: quando tivemos o Congresso Nacional desmoralizado e fechado foi muito pior para o Brasil, portanto é importante pensar na preservação das instituições e separar o joio do trigo. Se tiver coisa errada, que se faça uma investigação correta.”

(Ao ser criticado durante o escândalo do mensalão, Lula tentou se esconder por trás da instituição da presidência da República e disse que ela é que estava sendo atacada.

As instituições em si nada têm a ver com o procedimento dos seus eventuais responsáveis ou membros.

O Senado não está sob ataque. Cobra-se os erros - graves erros - cometidos pelos atuais senadores e por aqueles que os antecederam.

Nos últimos seis anos, quantas vezes Lula não bateu forte no Congresso?

E a ninguém ocorreu a suspeita de que ele estivesse empenhado em atingir a instituição com seus críticas. Nem mesmo no passado remoto quando ele apontou o Congresso como um reduto de 300 picaretas.

Ao sair em defesa de Sarney e, supostamente, do Senado, o que Lula faz, pelo menos a se levar em conta seus pífios argumentos , é a apologia disfarçada da impunidade.)

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