Porque estão torturando os nossos soldados?
A Polícia Militar é o exército estadual, uma tropa fiel e disciplinada, historicamente injustiçada e momentaneamente escolhida como alvo dos tiros e borrachadas dos que deveriam protegê-la. Porque democratas de esquerda agem assim?
Mas, vamos por partes!
Em 1987, se não me falha a memória, Rio Branco viveu uma manhã de guerra.
Um fusca vermelho, com alguns gatos- pingados dentro, parou no meio da rua, ali, aquela, onde o Edmundo Pinto botou banca e batizou de Esquina da Alegria.
Carro devidamente atravessado bem no meio da tal “via pública”, os seus ocupantes pararam o tráfego dos ônibus, que naquele tempo desciam por ali até onde hoje é o Mercado Elias Mansour. Ninguém passava.
Com um megafone e panfletos nas mãos, quanta disposição de luta! Os manifestantes faziam pela enésima vez aquilo que se especializaram em fazer, o que hoje se chama de “baderna em via pública”.
Eles, daquela vez como em outras anteriores e posteriores, queriam mostrar às autoridades seu descontentamento com os preços das passagens de ônibus. Queriam chamar a atenção para algo que ninguém queria ver, senão os bravos usuários dos transportes coletivos e eles, os manifestantes, coincidentemente, todos filiados aos partidos de esquerda ou simpatizantes da “baderna”.
O trânsito virou um caos, ninguém ia nem pra frente nem pra trás.
Chamada para desobstruir a via pública, lá se vem a Manduquinha!
Eram poucos soldados, mas, virado siri numa lata, um louro de olhos azuis, com os ombros até o talo de estrelas, nem contou conversa e já veio descendo a borracha nuns e arredando o fusca velho para deixar fluir o trânsito engarrafado do Centro da velha Rio Branco. Voou caco de PMS e manifestantes pelos quatro cantos do Centro.
Poucos anos depois, a vice- prefeita da cidade, Iolanda Lima Fleming, botou ordem na casa: quebrou o monopólio das empresas de ônibus, redistribuiu as linhas... e nunca mais houve dia igual àquele.
Moral da história: os manifestantes do chamado “Dia D”, que terminou dramaticamente, com feridos tanto do lado da PM como do lado dos manifestantes, incluindo aí deputados e vereadores da chamada Esquerda, haviam conseguido chamar a atenção das autoridades.
Esta semana assistimos ao revés da história.
Os ex- manifestantes chamam a Justiça e o Ministério Público, usam a mídia e suas fitas gravadas para intimidarem os soldados do Acre. Uma vergonha!
E um paradoxo que poderia ser evitado puramente com o uso da humildade, tanto de um lado como de outro, é bem verdade.
O que ocorre, porém, é que os soldados estão sendo humilhados enquanto categoria e o conjunto dos trabalhadores empregados do Estado, enquanto classe social. Há outras greves anunciadas.
Eles chamam as autoridades estaduais à negociação e são esnobados, têm sua importância estratégica à governabilidade aviltada- pasmem!- pelos antigos manifestantes que se especializaram em fazer das greves e paralizações do trânsito da cidade uma arma nem favor dos seus direitos.
Os nossos soldados apanham cruel einjustamente, da borracha ostentada pelos políticos e antigos usuários dos transportes coletivos. Gente que se especializou e que ensinou à sociedade o sentido e a eficácia dos instrumentos de luta de classe, de um dos mais legítimos axiomas da liberdadee da força dos trabalhadores, que é o direito à greve.
Ao fazer da força bruta sua principal arma e tentar estigmatizar os nossos soldados , ao perseguir os líderes da paralização da PM, o governo erra feio. Veste- se de incoerência e antipatia perante a tropa e as famílias dos soldados e diante de grande parte da sociedade.
Ora, o governo não conseguirá desmoralizar a Polícia Militar que comanda sem se desmoralizar junto, essa é a verdade!
Os caminhos da história e do movimento social se encontraram, outra vez.
É passada a hora de ambos os lados entenderem que ou os dois estão certos ou estão todos errados. É hora de retomar o caminho do diálogo e da humildade. É hora, sobretudo, dos democratas da Esquerda se lembrarem de que, se não fosse o instrumento da paralização, com tudo o que ele implica, não haveria uma penca dos principais mandatos políticos que entopem o Palácio e o Parlamento do Acre. Não haveria o que o governador Binho Marques anda tanto reprisando, governo.
Aliás, o governador e seus assessores deveriam ter o pudor de não solicitarem aos jornalistas que sejam dedos- duros dos trabalhadores da Polícia Militar. O que se desconfia é de que o governador está mal assessorado.
Mas ainda é hora de evitar um mal ainda maior. Hora de recuar para avançar.
O Acre não precisa de um novo “Dia D”.
KLEMER parabens pela volta a terrinha. Voçe assistiu o famoso dia "D". Eu estava no centro do furação, os sindicalistas "obstruindo" a via pública, o fusquinha da PM chegando com 4 policiais militares, a partir dai o quebra quebra de tudo que alcançavam, a "baderna" generalizada em frente ao Palácio Rio Branco. Agora os baderneiros chegaram ao poder utilizando-se dos operários, funcionários públicos, sindicatos de classes, com verbas abundantemente denunciadas o desvios para alavancar as campanhas das "forças democráticas", e hoje de baladeira viraram vidraça e não aguentam o primeiro tranco. O laborioso MP ja condenou e até "demitiu" policiais militares, com prisão em flagrante, sem direito ao contraditório. Voçe mesmo disse, um pouco de humildade para ambas as partes só faz bem. Sentar, "desarmados", para conversar, negociar, não fomentar o caos.
ResponderExcluirAmigo Klemer, suas palavras são tãos reais que emocionam com a descrição suscinta dos fatos. Vale ressaltar que o desrespeito com a segurança pública é de certa forma explicada por fatos pretéritos como esse, da qual a maioria dos que hoje estão no poder um dia foram baderneiros e tiveram que apanhar da PM pra poder se reestabelecer a ordem. De fato, uma vingança amarga e dolorida, onde o governador nos mata tanto em desvalorização profissional (temos o segundo pior salário da região norte, nosso salário só é superior a PM do Pará), quanto em condições de trabalho (coletes vencidos, viaturas caindo aos pedaços). O ilustre governador pensa que nos intimida, porém, sem querer desrespeitar o estado democrático de direito, exigimos que o mesmo seja HOMEM e nos receba para uma simples conversa, já que ele em quase 4 anos de mandato, NUNCA nos recebeu, nos tratando como uma sub classe, e ele, como um Deus Grego que não pode sequer conversar com os insignificantes militares estaduais. Amigo, um PM no RJ ganha menos que nós, porém, por dia, eles fazem quase 2 mil reais só de propina em bocadas, fato este presenciado pelos próprios PM do Acre que trabalharam na Força Nacional e viram o quão nojento é a segurança nesses estados aí afora. Daí comparar com estados em que a corrupção é latente ao nosso estado do Acre, é algo que beira a insanidade! Sd PM J. Ferreira
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ResponderExcluirAmigo Klemer, boa volta pra voce ao Acre. Fomos vizinhos lá no Quinari, eu morava no Sítio da Vovó, você mais abaixo. bons tempos aqueles.
ResponderExcluirEu estava por aqui em 87 só assisti de camarote o acontecimento. Hoje a gente vê que quem era revoltado agora, obstrui a ação de outros revoltados. Infelizmente, nosso Acre está assim.
Só não concordei com uma palavra do seu artigo: eles não são democratas, são pseudo democratas.
Acreucho (Jorjão)
www.blogdoacreucho.blogspot.com
klemer, seus comentários nos deixam felizes por sabermos que ainda existe alguém para expor pensamentos áqueles que não tem o direito de voz.. Certamente que fico decepcionada em ouvir declarações daqueles que representam o partido que um dia tanto defendi. Quando na Instituição Militar não se falava em Comunismo, partido dos trabalhadores, já levantávamos a bandeira da mudança, mesmo sem poder aparecer muito pois eramos reprimidas. Eu, e outras companheiras iamos as ruas quase que na clandestinidade torcer para que este partido que hoje é poder, chegasse onde chegou. Lêdo engano, hoje sim vivemos a verdadeira ditadura, só que não é militar... Envergonho-me de ter durante tanto tempo admirado uma estrela. Tudo de bom..
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